terça-feira, 3 de junho de 2008

Golfinhos

A praia estava deserta, o céu limpo e a brisa soprava de forma tênue. Um cenário que traz paz para qualquer alma atormentada. Era isso que precisava. Paz! Parei, desmontei do meu fiel tordilho, sentei na areia e fiquei admirando o mar, contemplando a paisagem tentando não pensar em nada; nada de bom ou mau, apenas não pensar. Foi quando eles chegaram. O som que os golfinhos fazem quando estão brincando é divertido como deve ser qualquer som emitido por quem está brincando. Brincar é bom! A alegria deles contagiou-me tanto que sequer pensei em fotografar aquele momento. Estava tão distraído que não vi de onde ela surgiu, mas lá estava ela ao meu lado.
O aperto no meu peito, contagiado pela alegria dos simpáticos golfinhos, tinha diminuído. Tive forças para levantar-me e procurar entender o quê ela fazia parada ali com um sorriso que jamais esquecerei. O tempo decorrido entre eu levantar e ficar de pé, foi uma eternidade. Nessa eternidade do meu tempo, vivi muitas vidas e muitos pensamentos. Senti que a conhecia, aquele sorriso não dá para esquecer! Levantei, e no momento que fiquei face a face, a brisa me soprou o perfume. O perfume dela é familiar, pensei. Tem aroma de carinho, de sossego, de paz. Fazia tempo que não sentia essa fragrância. Então ela pega minha mão e em silêncio faz um pequeno gesto para que eu volte a sentar e senta-se ao meu lado, na areia. Quis falar mais as palavras me fugiam, então ela me olhou nos olhos e no tom, que só as pessoas que amam e são amadas conseguem ter aquele tom de voz, disse-me que eu não deveria estar ali; que não era o momento de eu encontrá-la; que o tempo de estarmos juntos novamente vai acontecer. Disse também que nas horas em que fraquejar, devo buscar lembrar da palavra que uma vez eu havia dito para ela. Perseverança é a palavra.  Ela me disse tudo que naquele momento eu precisava ouvir.
Isso se passou no mesmo instante em que se risca um fósforo e se faz a luz. Lembro dela montando em meu fiel tordilho e saindo a galope levantando tanta areia que caiu nos meus olhos. Na ânsia de limpar minha vista para vê-la partir, compreendi o porquê de acordar hoje com lágrimas nos olhos.

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